quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Acordei , estava terrivelmente determinada em juntar algumas vogais e consoantes . Todas as vírgulas e pontos finais , essas pausas curtas e as mais prolongadas , esqueço – as e prendo – as num vazio distante . Não permiti que impusessem qualquer barreira temporal ao que queria escrever . Preparei – me , tudo o que consegui foi riscar numa folha alguns traços pouco coerentes . Meras palavras , sem nexo , surgiam na minha mente e apontava – as de lado , na folha . Da caneta pareciam irromper todas as letras que queria usar mas parecia ter esquecido . De momento , aquilo que lia não me queria parecer fazer sentido , amachuquei a folha . Estava prestes a atira – la fora quando um sentimento de arrependimento me invadiu de forma voraz enquanto a abri cuidadosamente . Estava tudo ali , quantas vezes pensei que não sabia de onde tudo aquilo tinha saído nem se teria importância alguma mas de certa forma a minha alma transparecia naquele pedaço de papel . Foi então que percebi que a maior parte das vezes cerramos de maneira tão forte os olhos que não nos apercebemos do verdadeiro valor daquilo que criamos . Nem tudo o que escrevemos é capaz de ser entendido por alguns , muito menos por todos , mas o verdadeiro objectivo é que a mensagem impressa em cada linha nos encha todas as medidas a nós mesmos , que apenas e somente nos orgulhe , que de algum modo seja capaz de nos ajudar e que no fim nos faça ter vontade de esboçar um sorriso .